Violência passiva alimenta fornalha da violência física

Violência passiva alimenta fornalha da violência física

Arun Gandhi, neto de Ghandi, conta que, aos 10 anos de idade, foi espancado por jovens brancos que o consideravam negro demais e, em seguida, por negros que o consideravam branco demais… Como esquecer isso?  O avô dele o ensinou a reconhecer que todos somos violentos e precisamos efetuar uma mudança qualitativa em nossas atitudes. Presumimos que não somos violentos porque nossa visão da violência é aquela de brigar, matar, espancar e guerrear – coisas que os indivíduos comuns não fazem.

O relato está no livro Comunicação Não-violenta. Arun Gandhi narra que o avô o ajudava toda a noite a analisar os acontecimentos do dia e colocá-los num desenho sobre as rubricas violência física ou passiva, aquelas de natureza emocional. Logo ele percebeu que, em pouco tempo, o quarto estava repleto de recortes sobre atos de violência passiva. E seu avô explicava que essa violência gerava raiva e que o indivíduo, como membro da coletividade, respondia violentamente.

É a violência passiva que alimenta a fornalha da violência física e, por isso, os esforços pela paz não frutificam ou alcançam uma paz temporária. A não-violência não é uma estratégia que se possa utilizar hoje e descartar amanhã, nem algo que nos torne dóceis. Trata-se de inculcar atitudes positivas em lugar das atitudes negativas que nos dominam. 

Não é importante que nos reunamos nos momentos de crise e demonstremos patriotismo agitando bandeira; não basta que nos tornemos uma superpotência e subjugar o resto do mundo sob o alicerce do medo. A não-violência significa permitirmos que venha à tona aquilo que existe de positivo em nós e que sejamos dominados pelo amor, respeito, compreensão, gratidão, compaixão com os outros e conosco. O mundo em que vivemos é aquilo que fazemos dele.  E essa mudança começa por nossa linguagem e comunicação que, muitas vezes, não é compassiva, gerando dor nos outros.

Flávio
CVV Brasília (DF)


* Precisando conversar? Ligue 141 ou acesse www.cvv.org.br.

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