Transformando-se para transformar
Quando as pessoas se tornam previsíveis para nós, costumamos deixar de ouvi-Ias e lhes dar a atenção devida. É como se nosso “supremo conhecimento” do outro dissesse: “eu já sei o que vai dizer, fazer ou como vai agir”. Esse tipo de comportamento tem o potencial de estancar, travar relacionamentos, além de levar à monotonia, à rotina, à frigidez relacional.
É possível que passemos a nos relacionar de forma mecânica com as pessoas ao redor, pois já temos “pleno conhecimento” de suas ações e reações. Neste momento, os relacionamentos tendem a não fluir mais, mas estagnar por falta de investimento. Com o passar do tempo podem tornar-se tão áridos que já não existe mais comunicação; os membros da relação tornam-se apenas seres humanos que convivem, sem interagir.
Relacionamentos superficiais podem causar feridas profundas. A transformação deste quadro exige esforço, gasto de energia e aprendizado, o que se torna ainda mais dispendioso quando não se acredita mais no relacionamento. Se não há investimento de tempo, o relacionamento perde o sentido. Não queremos mais aprender do outro, nem de nós mesmos. Ficamos “velhos”. Não acreditamos que o outro pode mudar e também não achamos que precisamos de mudança.
Nessa situação, muitos preferem permanecer na “zona de conforto”, sem arriscar nada, a ter que despender energia num relacionamento que entendem estar acabado. Preferem ficar com o pouco insatisfatório a arriscar perder até isso. Deixam de acreditar que relacionamentos e pessoas podem ser transformados com dinamismo e investimento.
Quando estamos presos a antigos hábitos, é difícil readquirir a coragem de abandonar a segurança do conhecido e ousar investir no desconhecido que tanto nos ameaça. Sair do comodismo significa ampliar horizontes, ousar, pagar o preço do crescimento pessoal e relacional. Nossa mente, porém, necessita conhecer coisas novas para não morrer, para que a vida não perca o seu rumo, para que o tédio não esconda as cores do dia-a-dia. A rotina, a mesmice, o sempre igual é morte física e psicológica. Morremos quando não investimos em conhecer e aprender de nós, em conhecer e aprender do outro. Naturalmente, mudanças geram insegurança, por isso fugimos delas.
Temos sempre algo a ensinar ao outro, mas a nossa maior dificuldade é descobrir quem somos. Vivemos ocupados demais em ensinar, não em aprender. Precisamos aprender a aprender. Viver exige aprendizado, relacionamentos exigem tempo. Pessoas muito dependentes podem se esforçar para enxergar seu egoísmo e possessividade, enquanto pessoas muito independentes podem assumir certo orgulho e arrogância. Somos seres interdependentes e relacionais.
Um dos maiores desafios que temos ao nos relacionarmos é compreender que, mesmo depois de anos e anos de convivência com alguém, ainda não sabemos tudo sobre esta pessoa. Aprender do outro e de nós mesmos é uma experiência maravilhosa quando realizada com sinceridade e espontaneidade. É uma viagem empolgante rumo ao desconhecido. Um dos caminhos para chegar a esse nível de profundidade é revelar o que sentimos e pensamos de forma verdadeira, sem disfarces ou defesas.
Mara
CVV São Vicente/SP
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