Suicídio ainda é subnotificado

A taxa de suicídios no Brasil aumentou 12% em quatro anos, segundo Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde e referente ao período 2011-2015. Em 2011, exatamente quando a notificação passou a ser obrigatória, foram registradas 10.490 mortes, contra 11.736 em 2015, uma elevação de 5,3 para 5,7 a cada 100 mil brasileiros. O Ministério da Saúde reconhece que ainda há subnotificação. Capta-se a morte, mas nem sempre a causa, principalmente em classes mais altas, onde o tabu costuma ser maior e há questões de ordem prática, como o seguro de vida. Por trás dos números, sobram angústia, profundo sofrimento psíquico e necessidade de mais informação para se quebrar estigmas e preconceito.

A chamada comunicação responsável, ou seja, a divulgação de dados e informações que incluam o reconhecimento de sinais emitidos pela pessoa que está passando por um momento difícil e que necessite de ajuda, o encaminhamento adequado para profissionais e a fala, a escuta empática, com aceitação e sem julgamentos fazem parte das medidas que podem auxiliar alguém que passa por ideação suicida. Vale lembrar que o suicídio é multifatorial e marcado por complexidade. Não há única causa.

O Brasil é signatário de um acordo com a Organização Mundial da Saúde que prevê a redução dos índices até 2020, ou seja, em apenas três anos. E o que fazer até lá para conseguir alcançar este resultado? Como ajudar que menos brasileiros pensem em se matar, que menos vidas sejam perdidas? Nesta rede de prevenção em que todos podemos atuar, o CVV vai nacionalizar seus serviços por meio de um acordo de cooperação com o Ministério da Saúde. Hoje já em operação no Rio Grande do Sul, o número 188, que permite a ligação gratuita para um serviço que é gratuito há 55 anos, vai garantir que mais pessoas possam falar com o CVV de qualquer ponto do país.

Atualmente, pode-se ligar para a entidade em 80 cidades espalhadas pelo país, mas a meta é que, em 2020, de norte a sul do país todos os postos participem dessa rede de prevenção e qualquer brasileiro possa telefonar gratuitamente para o 188. Um importante passo será dado em 1º. De outubro, quando Acre, Amapá, Maranhão, Piauí, Mato Grosso do Sul, Roraima, Rondônia e Rio de Janeiro passam a contar com o 188, somando cerca de 50 milhões de brasileiros com acesso ao serviço. Ajude-nos a divulgar! E se quiser conversar conosco, acesse cvv.org.br.

* Além do Boletim, o Ministério da Saúde lançou manuais de prevenção do suicídio, direcionados ao público em geral, profissionais da saúde e profissionais da imprensa. Os documentos estão disponíveis em cvv.org.br/conheca-mais/.

Leila

CVV Brasília (DF)