01/10/2018
Envelhecer é doloroso, já dizia a poetisa mineira Adélia Prado. Há preconceito, e muito. Os cabelos brancos, a fala mais pausada e até as rugas, sinal das emoções e também do tempo, são muitas vezes sinônimo de desrespeito. Pelo menos essa é a percepção deles. Em uma pesquisa realizada no ano passado pelo Datafolha, esta foi a principal queixa feita por aqueles que têm mais de 60 anos. No levantamento, eles ainda reclamaram dos constantes apelidos, deboches e xingamentos. A necessidade de conscientização e de cuidado marcam esta segunda-feira, dia nacional do idoso.
Aspectos como afeto, tolerância, ética e coragem são exemplos de características positivas citados na pesquisa. São também guardiões da memória. Na China e no Japão, representam sabedoria e respeito, exclui-los é como rejeitar o passado, os conselhos e ensinamentos repassados de geração em geração.
No Brasil, segundo o IBGE, em 2060, um quarto da população deverá ter mais de 65 anos. Hoje, a proporção é de 9,2%, 19 milhões de brasileiros. É neste grupo populacional que o suicídio tem apontado um dos níveis mais preocupantes. O índice é de 8,9 mortes por cem mil habitantes, enquanto a média nas demais faixas é de 5,5. Doenças degenerativas, diminuição da capacidade funcional e da autonomia, dor crônica, depressão, solidão e perda de laços e vínculos de suporte emocional são apontados como principais causas.
As perdas, quando o tempo deveria resultar somas, são decisivas para muitos. O chamado envelhecimento ativo, que inclui cuidado com a saúde, participação social, exercício da memória, contribui para o bem-estar. Nem sempre isso é possível a partir de determinada fase. Para esses casos, vale recorrer novamente a Adélia Prado, que disse que idoso é como criança, precisa mais que programas de lazer. “Precisa de atenção real, o que, sem complicação e sociologia equivocada, tem um só nome: amor”.
Leila
CVV Brasilia
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