Canção do suicídio

Data17/12/2018 CategoriaCVV

Todos já percebemos em nós mesmos que músicas têm o poder de influenciar nossos sentimentos! Muitas vezes, associamos canções específicas a momentos importantes da vida e sempre que as escutamos novamente relembramos aquele momento específico, despertando um mundo de sentimentos. Algumas, provocam sentimentos de alegria. Basta aquela canção que tanto gostamos tocar que parece que o dia está de repente melhor e passamos a ver as coisas sob outra perspectiva. Outras, despertam melancolia, tristeza ou saudade.

Músicas por vezes são usadas em fábricas e outros ambientes de trabalho para aumentar a produção. Também  são usadas em centros de compras para animar o consumidor e levá-lo a consumir mais.  Entre as muitas canções existentes  no mundo, uma delas ficou conhecida como “a canção do suicídio”:  “Glommy Sunday” ou “Domingo Sombrio” (ou “Szomorú Vasárnap”, no seu titulo original) foi composta em 1932/1933 pelo pianista húngaro Rezsö Seress. A lenda diz que a canção foi composta num domingo após rompimento do seu relacionamento com sua noiva, que depois se suicidou.

Na realidade, Rezsö Seress compôs a melodia para um poema de László Jávor que se chamava “The world is ending” (em português “O mundo está acabando”) e era uma referência ao período difícil que o mundo vivia após a primeira guerra mundial, período conhecido como a Grande Depressão. Posteriormente, a letra da canção foi levemente modificada evocando a perda de uma pessoa amada e virou a que todos conhecem.

Inicialmente, a canção não fez muito sucesso, mas uma série de situações envolvendo suicídio foram associadas a ela nas décadas de 30 e 40. Um sapateiro se matou na Hungria deixando a letra da canção no bilhete de despedida… Uma jovem assistente foi encontrada morta no seu apartamento em Berlim com a letra da canção no seu bolso… Uma secretária se suicidou em Nova Iorque deixando uma nota pedindo que a canção fosse tocada no seu funeral… As histórias são incontáveis! E assim a canção “Domingo Sombrio” ficou cada vez mais conhecida e ao mesmo tempo ligada ao suicídio, passando a ser referenciada como “a canção do suicídio” ou “a canção mais triste do mundo”.

O medo dos sentimentos com potencial suicida que a canção despertava foi tanto que nos EUA a censura proibiu o rádio de tocá-la. A proibição perdurou até 2002.

Ainda assim, a música foi traduzida para mais de 100 línguas e cantada por Billie Holiday, Frank Sinatra, Bjork, Sinnead O’Connor e Elvis Costello. A canção também aparece em vários filmes, como é o caso de “A Lista de Schindler”, uma provável homenagem ao compositor que também esteve preso em campo de concentração.

Rezsö Seress sobreviveu ao campo de concentração, mas infelizmente se matou em 1968 ligando mais ainda a sua canção ao suicídio. Comenta-se que ele considerou que sua música estava para sempre ligado ao suicídio e que ele nunca iria conseguir compor outra canção tão poderosa e famosa quanto essa.

Como se vê na história dessa canção, o chamado “copycat suicide” (ou “suicídio copiado”) é algo que merece atenção.

Viviane – CVV Belém – PA

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